segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O turno da noite.

Uma das poucas vantagems que os call-centers oferecem aos seus funcionários é a flexibilidade de horários. A maioria dos centros de assistência permite escolher as folgas. Quando comecei, pedi a sexta e o sábado mas claro que isso era impossível, então folgava à quinta e ao sábado (verdade seja dita, o boss não suporta que os assistentes peçam dois dias seguidos, especialmente aqueles de quinta a domingo).

Passado um anito, lá me deram o fim-de-semana, sem eu ter de pedir. Era conveniente à empresa, o domingo é sempre o dia menos agitado e as fornadas de novatos estão sempre a entrar e a sair, por isso mais vale perder um assistente ao domingo do que não ter um à quinta-feira. Tive de pensar. Já estava habituada a ter folgas intercaladas e a minha vida já estava toda organizada de acordo com elas... mas bom...folgar dois dias seguidos é sempre diferente. Nem eu, na altura, me apercebia que só se descansa bem e em condições com um sábado e um domingo pelo meio, seguidos.

Mas o que eu queria mesmo falar era do turno da noite. Voltando à conversa inicial, a flexiilidade de horários também possibilita a escolha da carga horária, que varia entre as 4, 6 e 8 horas. Eu cá estou 6 horinhas por dia (e já é muito!), das 17h até à meia-noite; mesmo assim, as 6 horas viram 7, a contar com a hora de refeição pelo meio. Admiro as almas vivas que aguentam 8 horas por dia desta pomada, devem ser pessoas que nasceram para isto que adoram atender telefones.

Inicialmente, escolhi o horário da noite porque tinha afazeres da parte do dia. À medida que esses afazeres vão-se apagando da minha agenda, começo a ponderar uma subida da escala, p'ra ver se ainda chego a casa a um horário decente, tipo 23h ou 00h, em vez de chegar perto da uma da manhã. Depois começo a pensar nos benefícios do turno da noite: bónus nocturno de maizomenos 20 euros por mês, apanhar o boss apenas duas horas até ele bazar lá para as 19h (ninguém o suporta). É...realmente, o turno da noite tem as suas vantagens, menos telefonemas, menor controlo do patronato, uma turminha jeitosa que cá fica até à meia noite, o não ter horas de ponta a ir e a sair do trabalho...E bom, já estou tão habituada a esta vida de morcego que talvez me desse mal noutra.

E foi assim que os fins-de-semana regressaram à minha vida. São estas as pequenas conquistas que nos dão gozo. Tenho saudades dos tempos que nunca tive, daqueles tempos em que uma pessoa trabalhadora fazia o horário de escritório, 9 to 5 e ao final do dia regressava para o seu ninho. Por agora, tenho os fins-de-semana. E de mim ninguém os tira.

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