sábado, 20 de novembro de 2010

Vergonha na cara.

A proliferação de call-centers deve ser um dos fenómenos mais interessantes dos últimos tempos. Para qualquer serviço, existe um centro de assistência. É indispensável e inevitável. A questão é que o centro de assistência é só a ponta do iceberg que "vemos" desse serviço. E é por isso que nem sempre é fácil trabalhar num call-center. Lidamos com clientes zangados, burros e maus. São inúteis as tentativas de desligar a chamada e vãs as esperanças de que alguns clientes deixem de ser como são. Então perdemos a cabeça e até nos acomodarmos, muita é a revolta e o suor. Porque o trabalho num call-center é um teste, um teste de paciência, sobretudo. É como um desporto radical intelectual, onde se testam os limites da tolerância humana. Há quem nos critique porque nos "escondemos" atrás dos telefones. Por mais falta que sinta do contacto visual humano, por vezes agradeço aos céus que assim o seja. Nem todos temos perfil para lidar com certas criaturas que nos aparecem "à frente", desde as mais execráveis às mais patéticas e ridículas. Por isso sim, escondemo-nos atrás dos telefones q.b., pois também sabemos que é ao telefone que muita gente tira a máscara e se revela. Há quem não tenha vergonha na cara...mas isso já é outra conversa.

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